No banheiro feminino
Reflexões sobre o assento
sanitário do banheiro feminino
“Se
uma senta, todas sentam...” (frase lida em um banheiro
feminino)
Embora
se possa contrair doenças ao compartilhar o mesmo assento sanitário conforme
algumas opiniões médicas devido ao toque das mãos na tampa do vaso ou assento
sanitário (situação facilmente resolvida com a lavagem das mãos após o uso do
banheiro) e caso se possua algum ferimento na pele levando a contaminação por
herpes (caso também pouco comum), é válido refletirmos sobre cuidado umas com
as outras no banheiro feminino.
Se
outra mulher usará este banheiro depois de mim, por que não posso deixar o
assento seco ou dar a descarga? Se é um banheiro feminino por que o nojo de
outra mulher? Será que o fato de uma mulher não se assentar neste vaso
sanitário se relaciona com o medo de supostas doenças, sujeiras ou também se
relaciona com a leitura feita destas outras mulheres e seus órgãos genitais?
Mesmo
com o avanço das ondas feministas, o discurso sobre o empoderamento da mulher
ainda não tocou a todas e todos, basta ver as estatísticas sobre feminicídio
neste ano desafiador de 2019[1]. Ainda nos falta a
construção de um olhar capaz de nos apoiarmos e nos protegermos umas às outras
em todas as situações.
O fato
de ser mulher e usar banheiros compartilhados por outras mulheres me fez
perceber a presença deste “nojo” principalmente quando entro e vejo a tampa do
assento toda molhada, por que outra mulher não se senta ali e ao sair não se
dará ao trabalho de secar a própria urina, o que traduz um descaso com outra
que virá após este uso e também se verá obrigada a urinar quase em pé e assim
seguimos sem refletir nas pequenas ações de cada dia e o quanto elas falam
sobre os valores, conceitos e preconceitos vivenciados por nós.
A
sujeira mais temida seria uma mulher orgástica e por isso suscetível de
transmitir DST’s? Seria o sangramento[2] que nos irmana? O que
seria??? Sob qual ótica estamos enxergando umas às outras? Quais rótulos
andamos nos atribuindo que justifique nojo e descuido umas com as outras num
lugar que nos é tão íntimo? Será que “bela, recatada e do lar” são também
adjetivos válidos para as vaginas? Que tal refletirmos sobre isso na próxima
ida ao banheiro feminino?
[1]
Alguns dados alarmantes:> https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/10/registros-de-estupro-em-sp-tem-2o-pior-mes-desde-2010.shtml
> Acesso em 06/12/2019.
[2]
Protestos com sangue! Veja:< https://www.portalt5.com.br/noticias/politica/2018/10/144991-mulher-suja-urna-com-sangue-retirado-de-absorvente>.
Acesso em 06/12/2019
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