Em suspeição
Sobre a presunção da inocência garantida por lei e a segurança ostensiva nos estabelecimentos comerciais
O
artigo 5º da Constituição Federal Brasileira garante não apenas a igualdade dos
brasileiros perante a lei como também considera inviolável seu direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, garante também que ninguém será submetido a
tratamento desumano ou degradante ou ainda que ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Mas como o artigo 5º da Constituição Brasileira
relaciona-se com nossas compras cotidianas em diversos estabelecimentos
comerciais? Como consumidora consciente dos meus direitos e deveres, creio como
primordial o direito de ser tratado com igualdade, independente de qualquer
traço exterior que possa rotular uma pessoa como suspeita, pois isto é
discriminação. Um exemplo que contraria esse direito é ser seguido por seguranças
dentro de um estabelecimento comercial. Compreendemos a dificuldade da
situação, uma vez que qualquer estabelecimento comercial vive sob o risco de
furtos e assaltos constantes e que ele pode ser cometido por qualquer pessoa. A questão que se coloca então é como
garantir a segurança do estabelecimento sem constranger as pessoas que estão
ali para suas compras cotidianas? Nenhum cliente quer ser tratado com
desconfiança, nenhum trabalhador que está em um local de compras com seu suado
dinheiro quer receber o constrangimento de ser acompanhado por um segurança
pelos corredores. Vale lembrar que a honra de uma pessoa é inviolável segundo
nossa Constituição Federal Brasileira. Por honra compreende-se o princípio que leva alguém a
ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom
conceito junto à sociedade. No entanto se eu julgo que qualquer pessoa presente
num estabelecimento comercial é um criminoso em potencial, ataco duramente esta
honra e se quer dou a pessoa o direito de defesa, pois o julgamento já foi
feito. Julgamentos baseados, tantas vezes, em estereótipos de classe social ou
raça.
Acho desprezível, desrespeitoso, desonroso receber nos
atendimentos comerciais a moeda da desconfiança, da perseguição, do julgamento estereotipado
exatamente quando estou ali para as compras necessárias, privilegiando determinado
estabelecimento para receber o meu dinheiro.
Deixo para os comerciantes esta queixa e quem sabe ela não
possa se tornar uma reflexão para uma prática diferenciada de segurança que não
constranja as pessoas e afaste os clientes. Afinal garantir a segurança, não
pode significar opressão e desrespeito.
Tatiane Moreira
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