O amor me rouba o sono, me tira a fome.

No entanto, ironia maior:

Deixa-me em estado sonambúlico de amar.

Torna-me antropofágica em desejos.                  

O amor me rouba de mim feito um grileiro

Com argumentos e documentos insólitos

Ocupando e monopolizando afetos.

O amor me lança na órbita do outro.

Deixa-me vagando e gravitando entre memórias.

Entretida com o brilho de estrelas

Que há muito já podem estar mortas.

O amor, esse sagaz andarilho, sempre nos alcança.

Nos seduz com sua lábia, se aproveita de nós com sua dança.

É certo que como veio, também vai embora,

Não sem antes fazer ninho em nosso peito

Marcar profundamente a nossa história.

Tanto pode nos deixar destruídos quanto enriquecidos,

Pode nos tornar amantes ou assassinos, loucos ou sóbrios.

O amor é a pedra de toque da transformação

Que faz o vil metal do coração

Reluzir ouro de 24 quilates.

(Tatiane Moreira) 



Imagem: Livro dos Amores - contos da vontade dela e do desejo dele de Henri Gougaud. Martins Fonte. 

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