Avô, peço a morte para as partes de mim

Que não ouvem, nem falam a verdade

Que são cegas de mais para ver.

(Jamie Sams – As cartas do Caminho Sagrado)

Na sabedoria dos povos da América nativa, toda morte representa o início de um ciclo de vida. No girar da roda da vida, todos chegaremos aos lugares e encontros com pessoas com as quais teremos lições a aprender. E uma vez aprendida, a roda segue seu giro, nos apresentando ciclos de morte e renascimento. Sinta se o seu ciclo atual de vida está se iniciando, ou finalizando? Saber isso é importante, exatamente por lhe ajudar a nortear os seus passos. Todo início é como um recém-nascido precisa de cuidado, atenção, alimentação adequada, amor. A ausência destes cuidados, faz com que morram oportunidades preciosas de que seu novo ciclo cresça saudável, esse novo ciclo pode ser um relacionamento, uma nova fase no trabalho, a oportunidade de resgatar laços com familiares. Como você tem tratado os inícios dos seus ciclos? Quantas oportunidades você tem desprezado com sua desatenção, descuido, desamor?

Todo processo de morrer também carece dos mesmos cuidados: atenção, assistência adequada, amor. É na finalização dos ciclos que observamos a profundidade do amor que dizíamos sentir ou receber. Quantos casais nos términos das suas relações se ofertam destruição, deslealdade traindo gravemente o amor que um dia os uniu. Por que não podemos terminar conforme começamos, com mesmo respeito, a mesma atenção aos sentimentos do outro? Igualmente para as relações de trabalho, sou capaz de sentir gratidão pelo que tive oportunidade de aprender? Ou tenho apenas reclamações a fazer?

Tudo isso nos leva a refletir sobre as facetas sombrias do nosso ser. São elas que nos roubam os novos começos, por estarmos comprometidos com os ângulos obscuros que inibem nosso crescimento: nossos medos, nossas dúvidas, nossos maus hábitos, nossos pensamentos negativos ou nossa auto importância. É preciso sacrificar essas sombras para que possamos caminhar em beleza, conforme traz a filosofia indígena americana, confrontar as facetas mais sombrias do nosso ser e que nos desviam do nosso caminho para a totalidade, para o equilíbrio. “Quando se permite que os velhos padrões estabelecidos morram com dignidade, o ciclo do renascimento estará repleto de novas promessas de crescimento.”  

Tatiane Moreira


 


 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Das coisas que aprendi ouvindo Rita Lee - Menopower!

Alimente os peixes

Onde está o corpo artístico transcendente?