Meu repertório
Algumas roupas não me servem mais.
A menina com fome de pai
saciou-se consigo mesma e está satisfeita.
Outras roupas se tornaram antiquadas,
pois não vou mais usar minha raiva contra mim mesma.
Transformo-a
num rugido de borboleta.
Bela e feroz,
frágil e forte.
Não possuo todo o conhecimento,
mas encarno minha verdade.
Minha pele, minha colcha de retalhos
feita do mais fino tecido das emoções
costurado com as linhas multicores dos sentimentos.
Ainda há muitos pontos alinhavados,
pois não sei se é aí que devem ficar.
Há histórias que é preciso carregar na alma,
não como chaga, e sim como chave
para adentrar as novas portas da percepção.
Das roupas que me desfaço desato os laços.
Algumas doo, outras destruo.
E embora, no momento, nenhuma outra roupa eu possua
estou feliz com minha nudez
simples e absoluta.
(Tatiane Moreira)
Lindo demais! Amo sua escrita!
ResponderExcluirLindo texto! Sua escrita é muito sensível! 👏🏾👏🏾
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