Uma página em branco e tanto a dizer.
Mas como é difícil extrair do silêncio a percepção
congelada.
Então tudo começa com um aquecimento:
Das mãos, dos lábios e sinto a vulva sempre em chama.
Fogo que arde sem se ver.
E cozinha no caldeirão uterino tudo o que é preciso sentir
para então dizer.
Andanças que aparentemente não levaram a nada,
danças solitárias pelas madrugadas.
Orações e lágrimas.
Bem-me-quer, mal me quer
Qual pétala sobrará?
Ficará tudo bem se a cabeça estiver ancorada na sabedoria.
Ficará tudo bem se o coração abraçar cada novo recomeçar.
A lua segue em seu giro cíclico.
A loba uiva para as estrelas.
Sigo com a alma tatuada por doces e amargas lembranças.
Já que não é possível se desfazer da bagagem,
é possível, sim, torná-la mais leve por amor ao nosso
próprio passo.
E assim transmutamos chumbo em ouro
extraindo do todo vivido, o precioso aprendizado.
Você pode não ter me permitido tocar sua alma.
Eu me permiti seu toque e todos os poemas que pude compor a partir daí,
entrego a vida, como semente para um novo
florescer.
(Tatiane Moreira)
Floresça!
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