Das coisas que crescem à revelia

Começou gramínea rasteira e delicada no fim do verão passado, 

nada que parecesse durar.

Mas atravessou o outono, otimista e verdejante.

Sofreu no inverno, foi pisada, secou.

Achei sinceramente que morreria.

Evitava aguar ou nutrir qualquer esperança.

Ela atravessou silêncios e distâncias.

Daí veio a primavera e bastou um leve toque

para mostrar a que veio e cresceu, cresceu assustadoramente.

Agora é um matagal imenso, capaz de cobrir meu corpo inteiro,

invadir minhas noites e em qualquer fresta do dia

se apresenta verde e resoluta.

Agora é pleno verão e chove torrencialmente.

Já não há distância que ela não preencha.

Nem vento que não a faça dançar.

Fez morada em meu peito.

Profunda raiz.

(TMF)



  

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