Troféus
Fiquei presa na rede ou me deixei prender?
A isca brilhante que me atraiu parecia amor.
Promessa de banquete farto, comida boa.
Riso transbordando das taças.
Prometia passeios por paisagens esplêndidas,
e muitos beijos sob a luz do luar.
Mas, das imensas cachalotes e jubartes
restaram apenas troféus em forma de arpão.
Isso talvez lustre algum ego,
por algum tempo,
até que seja apenas mais um objeto,
empoeirado e esquecido
em alguma prateleira da memória.
São irreparáveis as perdas:
o corpo apodrecendo na rede,
os beijos não colhidos,
os óvulos não fecundados,
as histórias não escritas.
É bom recordar:
criaturas das profundezas
não são adequadas para abraços rasos.
(TMF em 04/09/2021)
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