Oração a Mãe Selvagem


Mãezinha,

Venho bater na sua porta já pedindo perdão pelos frangalhos de mim,

pelo coração lacerado que chega sangrando e as muitas lágrimas que me impedem as palavras.

Obrigada por me receber.

Obrigada por ter colado em mim um mapa para te encontrar,

um GPS infalível para me colocar em seus braços.

Sob seus cuidados as lágrimas vão se abrandando

e o coração machucado vai recebendo os remédios, os emplastros de amor e carinho.

Seu olhar medicamentoso não julga os caminhos que trilhei

nem a condição mendicante em me coloquei.

Seu olhar medicamentoso me recorda minha essência inviolável,

não importando a quais ou quantas violências eu me submeti.

Frente a tudo isso você apenas me abraça.

E em seu abraço, mãe querida, me refaço.

Suturamos as lacerações,

enterramos os mortos

e desinfetamos o piso do nosso ser dos passos indignos

que caminharam desrespeitosamente sobre nós.

 Juntas bordamos planos para recuperar os sorrisos,

demarcamos nossos territórios e nos armamos para protegê-los.

Em você tenho certeza da recuperação:

os ossos quebrados e o coração partido vão se colar de novo,

logo as feridas ganham cascas e cicatrizam.

Reaprenderemos a andar e a falar cada vez mais sintonizadas

Com sua essência indestrutível.

                                                            Alguns a chamam de alma,                                                             

eu a chamo de Coração selvagem e livre.

Obrigada Mãe Selvagem e Compassiva por me receber

e escutar meus lamentos,

segurar a imensidão das minhas lágrimas sem querer silenciá-las,

pois é assim que ela se juntam ao mar

e é por isso que o oceano nunca seca.

Você está lá para direcionar os nossos fluxos

e auxiliar os nossos processos de cura e reencontro íntimo.

Você é a Eterna Guardiã de todas aquelas que se perderam pelo caminho,

das que foram abandonadas pelo desamor

das que estão à procura de um teto seguro para reconstruir a vida.

Oxalá, todas te encontrem!

Oxalá a todas você possa encontrar!

(Tatiane Moreira - Lua quase cheia) 
 

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