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Mostrando postagens de agosto, 2022

Espelho da vida

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Ventania de agosto Varrendo o que sobra do inverno  Olhos em vigília Os dissabores da vida ventam sobre mim O que estariam varrendo? A alma não adormece Analisa, busca saída Se desespera É isso mesmo vida? As questões não mudam  É sempre a mesma luta contra as misérias humanas: a inveja, o egoísmo, a soberba Mãos incapazes de se estender em auxílio  e que só apontam erros Onde há um espelho capaz de mirar no que é belo? Capaz de contemplar diferenças, não como deficiências Mas como essenciais à vida?  Essa ventania juntando tudo o que está ao rés do chão Recorda que apesar da solidão na qual caminhamos O movimento da própria vida é juntar o que está separado É sempre soma, não subtração Combinação de habilidades num coral de vozes E que embora cada voz seja única, unidas é que alcançam melhor tom Arte de Daiara Tukano,  Kahtiri E'õrõ - Espelho da vida, 2020. Exposto na 34ª Bienal de São Paulo.

Cadelas no cio

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Curioso ouvir algumas mulheres fa lando da sexualidade das mais jovens. Nada sobre a força magnetizadora do desejo. Ou do caminhar sinuoso da cintura,  o balanço de um quadril que se insinua. Tudo resumido grosseiramente: -Cadelas no cio! Também já tive treze anos, áviida de desejos. Transitando entre curiosidade e intuição. Ansiosa pelos cumes do prazer (E que só são alcançados plenamente muitas, muitas, muitas luas depois). Recuso-me a resumir em cio aquilo que matiza toda nossa existência. E que vai muito além dos feromônios. É o rito pagão do corpo, da entrega e da partilha É a loucura das bacantes atrás de Dionísio. Uivo de bucetas carnívoras. É festa boa, com dança muita e embriaguez bastante!  Recalcadas condenarão. E o feminino hostil, aquel e que se virou contra si mesmo manchado da misoginia e adorador do falo do patriarcado - mulheres secas, mulas sem cabeça s relinchando Imp ropérios, sem capacidade de refletir sobre seus próprios cabrestos.  Prefiro as cad...

Ferocidade e doçura

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Conviver exige ferocidade.  Calma, não estou incitando a violência. E sim, atenção aos nossos próprios limites. A incompreensão e exigência dos outros não pode ser absorvida. A ferocidade aqui é garantia de que nossos limites não serão ultrapassados. Vale mostrar os dentes quando necessário, vale silenciar sobre a palavra mal dita. Não absorva o que não é seu.  Que o veneno fique para quem o destila. Conviver exige doçura seja conosco mesmo, seja com quem merece seu toque de mel. Não dê pérolas a quem não as pode valorizar. Não se dê a quem insiste em não reconhecer seu valor, sua presença. Esteja sempre em exercício de ferocidade e doçura. (Tatiane Moreira)