"O amor é alado"
(Título emprestado com Rubem Alves)
"Muito leve, leve pousa." (Secos e Molhados)
Tal como a infinidade de sementes aladas, assim também é o amor.
Sempre a buscar terrenos férteis onde possa crescer, florescer, frutescer.
È mais que um sentimento, é semente, é processo.
Que une, envolve, enraíza, eleva, cria.
Depois de vivenciá-lo nunca mais seremos os mesmos, teremos nos expandido.
Quando o "eu" virou "nós", quando nos lançamos ao território desconhecido de outro ser.
E desvendamos paisagens, humores, construindo pontes de compreensão e sentido.
Escalando corpos como o sagrado corpo de uma montanha e nos tornamos um com ela.
Não é processo para mesquinhos, ególatras ou rasos de coração.
É para os fortes na receptividade, para os corajosos na entrega.
Para os honestos frente a própria bestialidade e sem fugir da própria sombra,
tão bem refletida no outro,
a abraça, a integra.
Não é curioso que "dente de leão" nomeie uma frágil semente paraquedista,
presa a inflorescências em capítulos solitários que flutuam no vento com seus pelos brancos?
A força que a nomeia não é pela sua dispersão,
é no dente que se fixa, ávido de crescer onde for recebido.
Tais como as pétalas/sementes esparramo meus afetos.
Será que você vai me receber em seu peito e poderei me enraizar aí?
E juntos viveremos a aventura do processo de romper nossas cascas separatistas,
expandirmos territórios, demarcar os limites e ainda assim
enlaçar os dedos e caminhar
enquanto houver caminho para nós?
(Tatiane Moreira)
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