Gustativo
A vida, essa experiência de sabores,
alguns fugidios, apressados,
mal temos tempo de saboreá-los.
Lembranças de passagens
como paisagens vistas em trânsito
e que no carrossel dos dias logo ficam para trás.
Qual era mesmo o sabor que tinham?
Quanto a liquidez dos tempos não tem nos permitido sentir
e sem pressa sentar à mesa da vida?
Há sabores fabricados, artificiais demais,
refinados, embranquecidos,
roubando a qualidade integral da vida.
Tem amargores que duram um tempo longo na língua:
portas fechadas em braços que desejávamos abertos.
Há doçuras recebidas com um beijo,
olhares que trazem moradas,
mãos que se entrelaçam.
Há o azedo das incompreensões,
respostas grosseiras e atravessadas,
negativas.
E o salgado das lágrimas e das peles suadas
num encontro de amor, levemente apimentado, adocicado e embriagante.
O que no prato da existência nos saboriza pelos caminhos?
O que causa asco e ânsia de vômito?
Qual a dança gustativa em sua língua quando você lambe a vida?
(Tatiane Moreira)
A vida como um delicioso prato! Adorei, um abraço de loba.
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