Pós-verdade e fuligem


Estação do Metrô Central, outrora pertencente a antiga Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, hoje privatizado e "ornamentado" a pobre e tosca imagem de um supermercado. Nenhuma janela de transcendência para além de rótulos e preços, na era do Homo Consumens.  Acervo pessoal, 2024. 



Na era da pós -verdade,  repleta de mitos infundados,

o que é fato: é essa fuligem opaca  descolorindo os dias.

Tudo parece arder, virar fumaça,

especialmente se for mata,

se lembrar um quilombo, 

se for terra indígena. 


O capital, enfim, precificou todas as almas.

Cada altar, cada ação 

tem a marca do seu cifrão característico.

Nem tudo o que reluz é,

mas tudo o que reluz é sombra humana 

do que um dia, chamamos vida. 


Como continuar? Com qual utopia? 

Nenhuma ilusão de solidariedade e partilha 

subsistem aos contratos de grilagem. 

Apenas aparências: frágeis, turvas, oásis artificiais. 


Tudo. Todos?

Perseguindo algum ganho,

direto ou secundário. 

Alguma forma de poder, de destaque. 

Um sentido que inebrie, que transcenda 

a própria condição humana 

em seu pesadelo demoníaco 

de servir-se dos outros 

para o vale tudo do seu sórdido prazer.  



(Tatiane Moreira Ferreira)

 

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