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Mostrando postagens de setembro, 2021

Saí a semear amor

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Já entendi, Tristeza, a sua visita, os seus motivos, o seu amargor. Dos espinhos que aceitei carregar como ilusão de carinho. Mas o carinho não fere, não é mesmo?  Foi por isso que você veio, para me mostrar a ilusão.  Eu, mendigando, estendendo as mãos para quem nada tem para dar.  E o meu cesto tão cheio de tesouros. Levanta e anda - você disse sem cerimônias. Embora tenha respeitado cada lágrima  Que eu precisei chorar para expurgar o desamor.  Depois desse banho salgado me senti melhor.  O amor estava lá para me acolher, me secar, me vestir. E o mais importante: me por a caminhar.  Desde então estou a semear amor.  Faço ninho em todos os corações que queiram me receber. E voo livre como sempre fui, e não sabia.  Livre como sempre serei.  (Tati) Tristeza - canção para acompanhar a leitura.

Das pessoas que nos devolvem para nós

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Sim, há aqueles/ aquelas que nos roubam de nós, espelham nossas deficiências e falhas, não se importam com nossas lágrimas e não deixam sequer uma palavra de adeus ou um sinto muito, talvez porque não sintam nada além de si mesmos. E que se fodam! Mas há aqueles/ aquelas que se importam conosco de verdade e colocam uma lente de aumento para que enxerguemos nossas melhores qualidades, nossas delicadezas e todas as sutilezas da beleza que possuímos. Pessoas como remédio, como unguento e despejando seus olhos sobre nós restituem nossa dignidade, nos recordam a importância do amor-próprio através do amor delicado com que nos tocam. Para estes, toda paz e toda glória! Para que estamos na vida uns dos outros se não for para estender mãos, braços, colo? Para que conversaremos se não for para deitar nossas melhores palavras nos ouvidos uns dos outros? Se não for para acolher, para que conviver? Se não for para amar loucamente, por que esse coração feroz batendo no peito?

Variações sobre o mesmo tema

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Não mais sonhar posições tântricas sobre seu corpo. Vou cavalgar ventanias, envolta pelo frio de agosto.   Meus olhos insones pela madrugada deitam geadas sobre a lembrança de um gato morto num canto da rua.   Um gole de vinho seco, como está agora o canteiro da esperança.   Seca e áspera, a minha língua como devia ser a língua do gato morto num canto da rua.   Quem recolherá seu corpo? Ou enfeitará com flores sua pelagem branca?   Dizem que quando começamos a enterrar nossos mortos, alcançamos outro patamar de humanidade, demos significado a morte pranteando sobre o que se perdeu. (TMF 06/08/2021)