Os olhos que eu quero arrancar de mim
Enxergar não é natural. Sobre nossos olhos, nossa mente, nosso afeto estão poderosas lentes culturais, que leem e julgam a realidade de maneira confinada. Esse olhar medidor de corpos e juventude. Esse olhar que impede potências de se realizarem, porque o que vale é manter o status quo e converter tudo em lucro. Quero arrancar de mim esses olhos. Orientados pelo sexismo que nos dividem em caixas apertadas geradoras de claustrofobia e violências. Quero me livrar dos rótulos naturalizados, mas que são forçosamente construídos, impostos. E reconfirmados por tantos formatos e configurações: a cuidadora nata de crianças, doentes e idosos. Quero também hastear a bandeira da liberdade sexual! Mas quanto o meu corpo está liberto do olhar patriarcal? E que por trás da pretensa liberdade continua servindo a libido insaciável do Capital. Arrancar esses olhos é descolonizar sentidos. Recuperar o território do próprio corpo, Valorizar sua geografia, ex...