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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Os olhos que eu quero arrancar de mim

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Enxergar não é natural. Sobre nossos olhos, nossa mente, nosso afeto estão poderosas lentes culturais, que leem e julgam a realidade de maneira confinada. Esse olhar medidor de corpos e juventude. Esse olhar que impede potências de se realizarem, porque o que vale é manter o status quo e converter tudo em lucro. Quero arrancar de mim esses olhos. Orientados pelo sexismo que nos dividem em caixas apertadas geradoras de claustrofobia e violências. Quero me livrar dos rótulos naturalizados, mas que são forçosamente construídos, impostos. E reconfirmados por tantos formatos e configurações: a cuidadora nata de crianças, doentes e idosos. Quero também hastear a bandeira da liberdade sexual! Mas quanto o meu corpo está liberto do olhar patriarcal? E que por trás da pretensa liberdade continua servindo a libido insaciável do Capital. Arrancar esses olhos é descolonizar sentidos. Recuperar o território do próprio corpo,  Valorizar sua geografia, ex...

Empunhando o martelo das feiticeiras (Poema em áudio)

 

Dependurada

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 Tudo em suspenso Tempo de entrega Há um bailado iniciado nas pernas Por hora, paralisado Mãos nas costas como quem espera Um fluxo de sangue irriga o cérebro Cora a face Que jaz tranquila Mesmo que sinta na carne As dores, os desejos Coragem! De cabeça para baixo Como o feto que fomos um dia Um nascimento se prenuncia Mas não ainda É preciso antes que saiba  qual o seu sacro ofício  O que você sacrifica? Minha oferenda do dia: calcinha vermelha dependurada  tal qual "O enforcado" preso pelos pés  atado pelo desejo  movido pelo lugar de amor que há dentro de si (TMF)